Oração de um mendigo

O que o amor faz, por muitas vezes parece cair no esquecimento, já o que a dor faz entra na alma e não deseja ir embora, quem consegue guardar o olhar e o carinho na alma consegue viver, nas adversidades da vida, com referencia de um dia ter sido amado ainda vivo, por que se houver amor depois do luto, que função tem? Ser amado em vida com certeza vale apena, mesmo que por um amor fragmentado, mas ai do coração que nunca se sentiu cuidado, arrasta tristezas que parecem incuráveis e eternas.

Pessoas grandes com corações da criança que cresceu sem cuidados, sofrem pelo abandono da vida despretensiosa, aprenderam a sobreviver, vivem tentando se adaptar nessa vida nada generosa, com algumas misérias ou com uma única referencia de amor, que é tudo que possuem, que receberam às vezes distante dos seus lares, ou por alguém improvável, o que resta é a esperança que se oscila pelo pouco cuidado que recebeu, mas se tornou seu tudo.

São verdadeiros réus da tristeza e da solidão, pois por não receberem cuidado, já construíram escudos de proteção que afasta a cura do amor que chega, não recebem o amor novo, por suas feridas velhas e cansadas, que hora ou outra, tiram a casca protetora onde mostra e lembra a dor e se justifica por não saber dar e pior ainda não saber receber o amor de mais ninguém, pois considera que seu tempo passou e tudo que chega de agora em diante chega fora do tempo que planejou e considerou como bom pra construir sua história, vê tudo como ilusão.

As lágrimas não cessão e não secam, pois o que as pararia era o cuidado, mas esse cuidado nunca existiu, ou quando existiu estava muito próximo do pouco, tomar uma dose de alto amor, regado ao amor saído do olhar e do coração do Criador, fortalece e leva pra frente, mas às vezes o que falta é o abraço forte, o carinho sincero, a voz forte de direção, ou a voz suave carregada de cuidados, o que falta é a mão que levanta o rosto, que enxuga as lagrimas com as costas da mão, trazendo o gesto nobre do “eu vou cuidar de você”.

Corações gritam todos os dias por cuidado, dependentes de um amor que não receberão, se tornando mendigos de alma e não de coisas, choram o abandono da alma e assim continuam a jornada de suas vidas, com sorrisos largos, passando a imagem que está tudo bem, esperando seu fim a cada instante, não somos tão especiais como gostaríamos de ser, seu sofrimento não é único, todos os pais morrem, todos já despedimos de pessoas que amávamos, muitos amores com juras eternas se despedem, tentando se salvar ou nos livrar deles.

“Com tudo ainda é preciso ter fé, esperança e amor, ah sim é preciso temperar a vida com isso”. O Criador que nos traga a cura. Por que pra todo mal há cura.  

Amém

 “De um lado a poesia o verbo a saudade, do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim. E o fim é belo incerto...depende de como você vê” OTM

Texto Cris Campos

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