segunda-feira, 25 de maio de 2015

O fim da morte



Somos tão pouco diante da grandiosidade da vida e seus mistérios, somos tão frágeis diante da capacidade que temos de amar, e assim passamos mais almejando que conquistando, mais apaixonados que amando, a morte nos visita em todo tempo para lembrarmos da necessidade que temos de aliados sinceros, das alianças de fé e amor que construímos na nossa história, nada pode ser apagado, nada pode ser esquecido ou passado em branco, pois há amor em mim e também em nós, que faz a morte , morrer por dentro dela.
A centelha de vida que somos, corre de braços abertos ao fim, esperando romper com a dor de perder quem amamos, seguimos por que a regra dita assim, continuar apesar dos motivos serem enormes para que as flores sejam jogadas sobre nós, pois no primeiro momento tudo perde o sentido, é uma briga entre uma força que deseja sucumbir e a outra que deseja viver apenas, chorar menos e continuar a respirar, apesar do ar que nos falta.
Certa vez a dor me arrastou pelas ruas e pelo silencio do quarto , onde o que menos encontrava era o descanso para minha alma, a loucura  se enamorou comigo, flertando com minha sanidade, como  debochada que é, acreditando que meu limite estava próximo, apostou suas fichas, e a morte disse ser mais forte, e que iria vestir sua linda roupa, no dia de me visitar, mal sabia ela que o que reveste a armadura de um guerreiro de fé é o amor que traz em seus olhos e sua doação pelos seus, que faz com ele viva.
A morte não foi uma adversária fácil de enfrentar, mais o que poucos sabem é que a morte, traz em si o desejo pela vida, se olhar nos olhos dela verá que é uma menina amedrontada, diante de quem deseja viver, ela tem sim sua força devastadora, mais quando atinge seu alvo, levando uma pessoa amada,....... esse amor se espalha nos que ficam, trazendo sentido as vidas que ainda escolhem seguir.
Nessa hora a paz impera, a sensação de consolo chega aos corações corajosos, que choram a dor da perda, afim de celebrarem juntos novos sonhos que brotam de suas almas, matando a morte na sua essência.
Enquanto tiver negação dos fatos, negociação com a fé, e ficar irado com a vida, e não sentir a tristeza, para que a aceitação chegue, será sempre uma batalha perdida, sofrida por um tempo maior que deveria.
Quando o guerreiro sente seu sangue, ferver em sua veia, seu olhar brilhar, pois há ainda amor dentro de seu coração, vê a morte como uma lembrança e só depois de testar seus limites, ele percebe que resistiu e mesmo que em lagrimas de dor, e tendo que fazer da sua solidão a maior aliada, olhou para si através do amor dos seus, se viu no amor do outro, se apropriou de quem é, e sua missão de vida foi retomada, e ele decide VIVER.
Só quando matou a morte e todo sentimento contrário a vida que ela traz foi aceito, conseguiu conquistar a batalha que há tanto tempo, havia dado como perdida e que tinha lhe roubado a esperança.

“Então o guerreiro percebe que todas as coisas boas que realizou por amor, apesar das doses de ingratidão de muitos, descobriu que ainda sim há pessoas que valem apena, e  por elas faria mil vezes”.
  
  Texto Cris Campos
Imagem da Net