quarta-feira, 13 de julho de 2016

A trégua

             

           Somos feitos de momentos, que vão acontecendo, se constituindo e virando história, temos o presente em nossas mãos, mais o sonhador acredita apenas que o futuro pode ser melhor, então em uma certa etapa da vida, percebe que somos o que podemos ser naquele instante oportuno. Podemos nos abrir a mudanças, mas para isso as situações  precisam se tornar presentes, por que a vida da sinais em todo tempo, sobre o caminho que deve seguir e a maior fidelidade que precisa ter é consigo mesmo, sonhar através do outro sempre será muito arriscado, então toma para si suas batalhas e luta com ardor de quem quer construir seu destino  se responsabilizando pelas suas escolhas e jamais conduza sua vida pela escolha do outro, ainda mais numa batalha em campo aberto onde sua fragilidade e vulnerabilidade estão expostas.
Aprende a conhecer suas fraquezas, afim de que ninguém tenha domínio sobre você pela parte que lhe dói, pois nem todo adversário age pela dignidade, há muitos deles que são desleais a si mesmo quanto mais na batalha, onde te vê como um concorrente, esses têm sede apenas do poder, e possuem seus corações com rupturas e tendências perniciosas, trazem no peito a corrupção na hora de oferecer acordos ou tréguas, por tanto, cuida de se sarar para que não se derrote antes mesmo do golpe inimigo.
Todo guerreiro já teve feridas que transpassaram sua armadura e mesmo as feridas sendo conhecidas apenas por ele, sabe que precisava esperar pelo tempo da cicatrização, e nesse momento o cuidado deve ser dobrado, pois um pequeno golpe pode ser fatal e colocar tudo a perder, e de nada valeria as lutas travadas, se a queda do guerreiro se der por sua própria negligência.
            Durante um bom tempo ele agiu de forma agressiva, para sua proteção, acreditando que de fato a melhor defesa seria o ataque, como era portador de feridas profundas a proteção foi a habilidade melhor desenvolvida por ele, se desenvolveu tanto no ataque que fez e viu essa estratégia se tornar o território mais seguro, durante dias longos da sua existência.
           Com o tempo as dores cessão e o guerreiro tem seus sentimentos fortalecidos, suas habilidades em cuidar de si se tornam seu maior trunfo, durante algum tempo agiu pela dor e isso só deixava expostas suas fraquezas, onde era seduzido por um pedido de quem se fazia de necessitado, afim de, através da manipulação tê-lo em suas mãos, mais quando acontece a cura, seus olhos se tornam atentos a isso, e quem lhe dominava através do afeto, vendo que essa estratégia não serve mais, começa agir pela imposição, na tentativa de ter controle sobre sua vida, mais esse talvez seja o maior equívoco dos adversários, achar que pela força o guerreiro recua, não sabem que essa é a área mais confortável para ele, ele domina as estratégias de ataque, pois usou ela durante dias a fio para se defender em tempos passados.
          Dominá-lo pela dor ou por suas fraquezas, não cabe mais, tentar a dominação pela força é o ato mais tolo. Ele sempre joga aberto com o que não permite que façam com ele de forma alguma, quem testa sua postura em relação a isso já entra em campo de batalha com a derrota garantida, pois o guerreiro em tempo de maturidade sabe que existem batalhas que não devem ser travadas, então ele leva consigo a gratidão, agradece através da prece e segue seu destino, para os aliados deseja a paz aos adversários trégua.      


“Não me arrependo dos momentos que sofri por amar, (minha família, meus amigos e a vida), mas carrego minhas cicatrizes como se fossem medalhas, amar tem um preço alto, tão alto quanto o preço do ódio, a única diferença é que se paga com prazer, e com um sorriso, mesmo que um sorriso manchado em lágrimas”. Adaptação de o Zahir, 2005.




Texto Cris Campos
Imagem e vídeo da Net